sexta-feira, 19 de maio de 2017

Algo pra vocês lerem, sem carinho.

Alguma coisa acontece no meu coração
Que só quando cruza a Ipiranga e Sta. Ifigênia...

...?

Esse sábado foi dia de ir ao centro com meu pai. O que alguns encaram como uma chatice cotidiana, ou mais um problema pra resolver em dias aleatórios, para mim é uma grande aventura. Sim, eu confesso: do mesmo jeito que faz um garotinho de seis anos, eu fico atônito toda vez que eu penso em andar com meu pai pelo centro da cidade.

De algum modo, aquele caos maldito me fascina... Lá existe uma mistura de raças, tipos e idéias, tão intensa e confusa, que eu não seria capaz alocar duas pessoas lá em uma mesma categoria. Dos pilantras (com suas mesinhas desmontáveis da praça São Bento e no Viaduto Sta. Ifigênia, procurando algum distraído e crédulo transeunte, a fim de surrupiar alguns de seus momentos e talvez mais um pouco) aos policiais (chutando a mochila de um mendigo pela Julio Prestes afora), passando pelos hippies, pelos camelôs, pelos artistas incompreendidos e incompreensíveis, pelos Office-boys, pelos punks, pelos vendedores das lojas de Informática e aquele velho com o violão a tiracolo, uma pandeirola amarrada no pé e uma gaita na boca, diante de um chapéu com uma quantidade humilhante de moedas de tão pequeno valor.

Não me pergunte como sou capaz de amar um lugar tão estranho desses. Talvez me traga à memória tudo o que eu já aprendi sobre a grandiosidade da nossa cidade. São Paulo terra boa, São Paulo da Garoa... Os postes ricamente decorados das ruas, que já iluminaram saraus de grandes poetas e memoráveis bebedeiras, hoje servem de apoio a cartazes do tipo "Compra-se Ouro", "Compro Dólar", "Multas, Carteira Vencida?" e outra infinidade de coisas, que quase bloqueiam a fraca luz remanescente, que ilumina a noite solitária de um homem que fez da rua seu lar.

E o que imaginaria aquele rapaz de óculos escuros e camisa salmão - que me disse que me levaria a um cara que vende qualquer celular bem barato - se ele soubesse que a vendedora da loja ao lado tem uma queda secreta por ele? O que pensaria aquela chinesa do PenDrive que não sabia nem falar minha língua - mas não deixava escapar um centavo sequer dos seus produtos - se soubesse que assina na frente dos clientes recibos alegando que recebeu um salário três vezes maior que o valor que ela ganhou por esse mês todo? E que viria a pensar o garoto? Que viria a pensar o garoto que vende o PlayStation destravado e os cartuchos compatíveis HP, se ele tirasse o boné e olhasse pra cima, admirando o horizonte após a Galeria Pajé?
E que eles pensariam de mim e do meu pai, se olhassem pra nossa cara por cinco segundos e percebessem que estamos com o maior sorriso na cara, ele não sei por que, eu também às vezes não sei por que, mas acima de tudo porque sempre adoramos essa frieza humana envolvente que nos acaricia, vinda daqueles que não sabem que o sol saiu faz algumas horas, enquanto eles abriam as lojas, comiam um mixto quente na barraca da Jô ou tomavam um simples coado na padaria do Romeu.

Porque acima de tudo, o centro da cidade transpira humanidade. Porque as pessoas que estão lá não ligam nem um pouco que estão colando cartazes na casa centenária do Barão, porque precisam colar os cartazes, pra que estejam vivos no próximo mês, pra colar mais cartazes; porque cada novo cliente do garoto do PlayStation pode significar um almoço decente; porque o homem da camisa salmão só faz o que faz pelo prazer do esporte, já que não tinha nada melhor pra fazer com sua vida. E porque meu pai adora ouvir um “Pega Ladrão!” gritado a plenos pulmões na muvuca da 25, e é como se ele ganhasse na Mega-Sena... É... é bom pra caramba sair com ele, eu deveria fazer isso mais vezes... Sair de casa sem celular, tomar um café no Romeu e rir dos caras que caem no truque da empadinha. É, bichão, eu não troco esses fins-de-semana por nada...

“CDs, senhor? Software, Jogos, Windows?”
“Hoje não, grande. Deixa pra próxima...” 

14 comentários:

Bruno Capelas disse...

Eu te odeio , Zòide.
Só pq vc consegue falar do centro melhor que eu , seu filho da puta. XD

Foda , fuckin' foda.
Abração!

Anônimo disse...

Hey, Botto, bom texto. :]

Também gosto do centro da cidade, as bugigangas de lá são as melhores. Pena que meu PC pegou um Trojan Horse depois que eu tentei instalar o CD do meu mp4... ENFIM. Ainda continuo gostando do centro da cidade.

Viva o Brog. ;)

Ika.

Guilherme disse...

asho digno

Bina disse...

Fodão Zóide, fico muito louco, nada como andar na muvuca do centrão, o ultimo paragrafo principalmenet fico muito legal cara.Continua escrevndo cara.Abração

Anônimo disse...

Tb gosto do centro... ir pra la com mamãe, rodara teh, entrar no busao e notar q seu pai acabou d descer e correr pra rodar ateh d novo, agora com ele, n tem preço xD~

Qr q t arranje uma editora pra vc publicar isso? vc escreve bem (e vc sabe q eu consigo xD)

=***

Gustavo disse...

aee zóidee!!
mto feraa caraa, o legaal é que tem moh ritmo, moh pegada, sei laah..
e o centro eh moh brisaa neeh, akela concentração de loucura eh realment inspiradoraa xD
larga a química meeo!!

abraass

Unknown disse...

É isso aí! O Guilherme é mesmo brilhante. Impressionante como consegue capturar a essência do centro, os sentimentos mistos que pairam no ar e nos faz enxergar através dos seus olhos de maneira singular que aquele ambiente caótico é um lugar essencialmente humano onde se pode sorrir, chorar, construir, destruir, morar...enfim viver. Muito orgulho de você meu filho. É a genética!!! Amo você.

Anônimo disse...

caraca mew, emocionante (nao q eu seja emo, vc sabe) xD

mas ficou mto bom msm cara, eu tb gosto de andar lah no centro, alem de vc arranjar qq coisa q queira lah, eh bem legal nadar lah

Abraços

Anônimo disse...

andar*

Anônimo disse...

da-lhe zóide!

sim , o centro é foda e eu sou viado por postar anônimo

e atualiza essa budega q eu estarei sempre aqui comentando pra te encher o saco!


Bronha

Anônimo disse...

nossa, vc escreve beem o.o
nãap sabia qe você escrevia assim...

adorei o textoo ;D

Bejãao!*

Anônimo disse...

Nossa gostei demais,zóide!!
Mto bom =]

Anônimo disse...

Seu Zóide, depois de um dia envelhecendo na cidade eu chego em casa aprocura de alguma coisa emcional, corro inutilmente pela lista de blogs e nada encontro de novo, só me restou, portanto, o velho.
Eu peguei o primeiro texto do blog de novo e cara, ele é muito masi foda agora do que era a uns meses, e ele ja era foda.
Te devo muito essas pequenas coisas que fazem uma grande diferença.
Abração
Seu melhor texto ever!

Anônimo disse...

Oi amore! Aproveitando a frase da sua mãe: é a genética..rsrs.
Brilhante eu já sabia q vc era mas o q me deixa impressionada é a sensibilidade, a percepção aguda. Sabemos que essa capacidade de lidar com o sentir não é de todo inata, ela é educada, estimulada pela vida e suas experiências. Para ser um homem de verdade é preciso ser sensível, nunca se esqueça disso. Grande bjo e parabéns. KK