sexta-feira, 19 de maio de 2017

Libertango e excesso de pontuação

Olá gente, como vão? Espero que estejam bem. Esse texto novo foge totalmente do meu estilo de sempre, mas é pra dar uma desencanada em algumas coisas que eu andei pensando. Esse e o irmãozinho dele, que virá logo. Eu pensei bastante na Amanda quando eu escrevi. Planejo dançar um tango com ela. O texto foi escrito de uma maneira bem egoísta, ou seja, provavelmente você não vão entendê-lo da maneira desejada, mas, afinal, que escritor (que pretensão!) tem seus textos entendidos exatamente da maneiar que os imaginou? (Bah, então não publica!). Bem, eu li essa semana que, uma vez escrito, texto não é mais seu, mas sim pertence a cada leitor. Não, Bina, a psicologia não volta =]. De todos os significados possíveis, os mais eidentes são os que não me agradam, mas tuuudo bem. Vocês são espertos. Bless Your Hearts.
Introdução

Violinos e Violoncelo a 2 tempos. Paletó folgado, sem pingos na testa. Sem chapéu. Copo de Old-Fashioned na mão, duplo, o gelo está derretendo. No canto inverso, a estrela da noite. Entra o accordeon a 4 tempos. Não mais que 80 batidas. O brilho intenso do salão dá lugar a uma fraca luz fúcsia. Um estudo naturalmente masculino, uma olhar, um desvio. O copo se foi. Cheio, naturalmente. Sai o violino, pausa para destaque do accordeon. A estrela chega à pista com seu brilho pálido. O Paletó ensaia um desabotoar, desnecessário. Pausa para a exibição da estela. Cadeira de madeira, espartilho e vestido pretos. Cabelos, cabelos, pescoço, esquerda, direita. No chão, esvoaça o vestido que mais revela do que esconde seu corpo exuberante. Frase de piano, tão imprópria no momento quanto o primeiro passo dele na pista. Uma pausa, improvisada. Um lapso. Um retorno. A cadeira sai de cena tão cadeira quanto entrou. Duas voltas, três compassos. Encarando-a como presa, encarando-o como caçador. Olhar fixo, pés firmes. Abrazo. Sente a mão dele na sua cintura, a perna se erguendo em reconhecimento. “Agora é por sua conta, me impressione”. Volta o violino.

Exibição

Dançam como se não necessitassem de mãos. Olhares fixos, conduzindo o grande espetáculo da noite. Os concorrentes, embasbacados pela estrela, esquecem as outras pequenas, enquanto nelas cresce o fogo do desejo por ele. La Base, a preliminar. Ela provoca, ele firma as mãos. Ocho Atrás, movimentos largos das pernas, belas pernas. Ocho Adelante, a coragem de avançar. La base com rasca. Inversión. Ele busca o corpo dela, afastado por um passo indeciso. Sua vez. Media Luna e Chicoteadas. O pé proposital para a queda dela nos braços dele. Caido Repentino, contra-atacado com amargura. Deboche. Ocho atrás, ele gostou das pernas. Ochos em Espejo, um florim proposital e clichetoso, mas bem executado. Ao fundo, cresce o piano

Ataque

Ao som do piano, ele entra com Tijeras sucessivas. Uma velocidade estonteante, enquanto a bela não escapa de se entregar a um momento de falso êxtase em seus braços. É hora do contra-ataque, e ela ensaia sem marca um Ocho Atrás. 1, 2, 3, 4, entra La Guitarra, e passa a Presto, bem na hora em que um repentino e não planejado pé dele ali se encaixa. El Sanguchito. Ela está encurralada, entregue aos caprichos de terminar o passo dele.

Desespero

Com a mesma intensidade na qual se espalhou o sádico sorriso, a estrela se vê puxada a um canto, entre Medias-Lunas e Traspies. Sube y Baja, Não há saída. Uma tentativa de separação, um novo puxão entre duas piruetas, e uma nova tentativa de se desvencilhar. Sem sucesso, aceita sua condição e busca o amor do homem que a levou a tal estado. Redução de andamento, a luz diminui. Destaque para o Violoncelo e o tom meloso da Guitarra, agora sozinhos, egoístas para um piano oportunista, agudo porém imperceptível.

Amparo

Fora de si, ela deixa-se levar pelas hábeis mãos. Passos largos, chicoteadas lentas. Voleos sensuais, propositadamente abertos e demorados, para que ele exiba seu prêmio aos outros. Ela está imapciente, perdida em desejo e desespero. Está na hora de avançar. Voltam o Violino e o accordeon.

Paixão

Num momento de puro exibicionismo, puxa para si todas as atenções. Usando da fina arte feminina de confundir os sentidos, ela busca nele a fatal atração. Pernas abertas, passos rápidos, cabelos esvoaçantes. Despida de suas Firulas, seus valiosos presentes a ele, ela parece nua por inteiro. Percebendo o sinal, é hora de presenteá-la com o que tanto quer. Mais devagar somente que o reflexo da orquestra, agarra seus braços, e entre solavancos de andamento que marcam provocações e separações, o momento mais intenso. Debaixo da agora pura luz roxa, e com toda a maestria do dançarino exemplar, ela a toma nos braços e a rodopia em si, controlando o passo em sua totalidade. Culminando finalmente num arremesso vertical, capaz de fazer até o mais impenetrável espectador afligir-se, ela volta a seus braços, completamente dominada. Imperceptivelmente, a orquestra principia uma queda de andamento.

Traição

Concluída sua missão, ensaia com displicência alguns Trotes. Conduzida por seu amante, deseja que o memento dure para sempre. Ele, indiferente e inflexível, desvia ocasionalmente o olhar, para desespero dela. Não imaginando a vida sem tal homem, ela prefere não viver a realidade. Uma pausa generalizada, uma Caída. Nada como morrer por amor, e viver nele sua própria eternidade. Sob os olhos indiferentes da orquestra, somem sob a decadente luz da pista. Fine

4 comentários:

Mel S. disse...

Zóidezinhoqueridodomeucoração!

Você tentou, tentou, tentou mesmo, tentou com todos os recursos, mas não conseguiu dar ritmo pra coisa toda.

Além disso, tá comprido e exaustivamente descritivo com coisas que não são tão necessárias.

Eu recortaria algumas frases e trechos e montaria de novo. Ou deixaria só o primeiro parágrafo.

E não Zóide, eu não odeio seus textos. Hahahahahaha!

(Será que o Bina vai roubar meu comentário de novo? xD)

Bruno Capelas disse...

Algumas considerações aleatórias:
1-Libertango é do Piazzola , certo? Eu conheço aleatoriamente por uma versão "dance" da Grace Jones. Vale a curiosidade...

2-Putz , vossa senhoria e as suas lições de tango. Um dia eu juro que dá certo!

Agora sim. :D

Bem... eu gostei do texto. Fazendo um paralelo com o meu novo texto (o Baile Neon)... dá pra considerar que o teu usa uma maneira menos linear. É bacana , mas não é totalmente original. (E sem querer ser mala. Mas algumas horas parecia que era eu quem escrevia. XD).

Divertido. Mas seria mais divertido ainda se eu soubesse o que significam os "golpes" do tango. :D

Anônimo disse...

Amei! De verdade, eu ... Não sei o que falar ! Voce merecia um comentario decente mas eu realemnte não sou boa com palavras,mas sabia que esta de parabens e que ,na minha opinião, esse e o texto de baixo são os melhores do site ^^
Bjossss =****

Anônimo disse...

Calma Mel, calma, não dessa vez (um dia eu ainda comento antes de você).
Dessa vez eu vou roubar o noa pra dizer que o zóide fez um texto com temática a la Noa, mas percebe-se alguns traços carcterísticos de textos zóideanos (ou zoidais?).
De qaulquer maneira, ficou legal, bem legal.
De qualquer maneira, me lembra bandolins, o que é sempre uma boa coisa....
Cheers